As doenças intestinais inflamatórias constituem fator de risco já conhecido para o desenvolvimento de câncer colorretal. Segundo relatado na edição de Dezembro da revista Clinical Gastroenterology and Hepatology, Tsai et al constatou que a associação com displasia de baixo grau ou aneuploidia em tecidos colônicos aumenta em mais de 5x o risco de displasia de alto grau ou de câncer colorretal nesses pacientes.

A ressecção via colonoscópica de lesões pré-cancerígenas reduz o risco de desenvolvimento de câncer colorretal. Entretanto, lesões displásicas planas possuem maior grau de dificuldade de visualização e ressecção. Assim, a colectomia é indicada para pacientes com lesões planas com displasia de alto grau, mas não existe consenso em relação à conduta para lesões não polipóides com displasia de baixo grau, visto que a sua correlação com o desenvolvimento de câncer colorretal não é totalmente explicada.

Em sua pesquisa, Tsai et al busca estudar estatisticamente a taxa de progressão da displasia de baixo grau não polipóide associada a doença inflamatória intestinal para displasia de alto grau e câncer colorretal, de modo a esclarecer a melhor conduta para esses casos. A presença de aneuploidia foi indicada como único fator significante associado ao maior risco de desenvolvimento de displasia de alto grau e câncer colorretal.

Foram analisadas amostras de tecido colônico de 37 pacientes com doença inflamatória intestinal e displasia de baixo grau. Desses, 40.5% possuíam aneuplodia. A taxa de progressão para displasia de alto grau ou câncer colorretal em 37 meses foi de 60% para aqueles com aneuploidia e de apenas 13.6% para aqueles sem aneuploidia. Ainda, 100% daqueles com aneuploidia desenvolveram esse desfecho desfavorável em um período de 12 anos.

Foram analisadas 15 amostras de tecido colônico de pacientes com doença inflamatória intestinal e displasia de alto grau. A aneuploidia foi encontrada em 14 desses pacientes e 40% deles desenvolveram câncer colorretal dentro de 2.7 meses.

Os pesquisadores concluíram que 42,7% dos pacientes com displasia de baixo grau não polipóide desenvolvem displasia de alto grau ou câncer colorretal em um período de 5 anos e, assim, haveria benefício em sua conduta com colectomia precoce ou acompanhamento mais rigoroso com colonoscopias periódicas.