Pacientes com cirrose e hipertensão portal tem redução do fluxo sanguíneo renal, levando a uma diminuição da Taxa de Filtração Glomerular (TFG). Esta disfunção renal secundária, pode ser de rápida evolução – Síndrome Hepatorrenal do tipo I (SHR-tipo I), cuja sobrevida mediana é de 1 mês -, ou de evolução crônica progressiva – Síndrome Hepatorrenal do tipo II (SHR-tipo II), cuja sobrevida mediana é de 6,7 meses.

            A redução do fluxo renal em pacientes com cirrose pode acontecer em decorrência de alterações na produção de óxido nítrico, ocorrência de infecções, presença da síndrome da resposta inflamatória sistêmica, nefropatia por cilindros biliares e tubulopatia proximal.

            Devido a velocidade de instalação da SHR-tipo I, pode ser um desafio estabelecer quando a disfunção renal ocorre neste grupo, já que os níveis séricos de creatinina são menores em pacientes com cirrose, entretanto sem significar precisamente uma disfunção renal.

            Mindikoglu e Pappas discutem outras opções de avaliação da função renal nestes pacientes e averiguam que o aumento de índices resistivos renais nas áreas do hilo, medula e córtex ao exame de ultrassom doppler duplex e o desaparecimento da diferença entre os índices resistivos entre a artéria interlobar e a região cortical, indicam uma redução do fluxo sanguíneo renal, o que pode ser um marcador para SHR-tipo I e para SHR-tipo II.

            Os autores analisaram os marcadores de lesão renal aguda e biomarcadores séricos da função renal em pacientes com cirrose, para estimar a TFG, o fluxo renal e os índices resistivos renais. Averiguaram que os biomarcadores detectados por análise de perfil metabólico podem ser utilizados para detectar disfunção renal em pacientes com cirrose, permitindo o diagnóstico precoce de SHR, a predição da resposta ao tratamento, assim como, a recuperação renal após transplante hepático.

O tratamento com vasopressores, por exemplo, terlipressina e noradrenalina, são eficazes na melhora da função renal, mas devem ser utilizadas associadas a outras medidas, como a redução da pressão venosa portal.

            O tratamento definitivo para a SHR é o transplante de fígado, sendo que estes pacientes devem ser avaliados com cautela para identificar aqueles que necessitam de transplante renal concomitante ao transplante hepático.